segunda-feira, 27 de abril de 2015

Vocês sabem o que é Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade?


Muito conhecido atualmente, o número de diagnósticos de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) têm crescido de modo acelerado em crianças e adolescentes. Por isso, resolvemos falar um pouco sobre o que se trata e como se diagnostica, com o intuito de desmistificar diagnósticos errôneos que são feitos por muitos profissionais da área de saúde.


O TDAH se caracteriza por 3 sintomas principais: desatenção, impulsividade e hiperatividade. Segundo o DSM- IV (2002), os indícios de desatenção se caracterizam por:
1-  A criança/adolescente deixa de prestar atenção em detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares de trabalho ou outras;
2-      Tem dificuldade para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
3-      Parece não escutar quando lhe dirigem a palava;
4-      Não segue instruções e não termina seus deveres;
5-      Tem dificuldades para organizar tarefas e atividades;
6-      Evita, antipatiza ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam esforço constante;
7-      Perde as coisas necessárias;
8-      Distrai-se facilmente por estímulos alheios à tarefa;
9-      Apresenta esquecimento de atividades diárias
Já os sintomas que demonstram hiperatividade-impulsividade se caracterizam por:
Hiperatividade:
1-      Agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira;
2-      Abandona sua cadeira em sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado;
3-      Corre em demasia em situações onde isso é inapropriado;
4-      Está a mil por hora ou, em muitas  vezes, age como se estivesse a todo vapor;
5-      Fala em demasia;
Impulsividade:
1-      Dá respostas precipitadas antes das perguntas terem sido finalizadas;
2-      Tem dificuldade para aguardar sua vez;
3-      Interrompe ou intromete em assuntos dos outros;
4-      Deve estar fazendo sempre alguma coisa ou se agitando.


É importante ressaltar que existem subtipos de TDAH: o subtipo predominante desatento, em que os sintomas de desatenção dominam o comportamento da criança ou adolescente, o subtipo predominante hiperativo/impulsivo onde os sintomas de hiperatividade e impulsividade caracterizam o comportamento da criança ou adolescente e o subtipo combinado, em que se caracteriza pela presença dos dois tipos de sintomas citados acima.

Geralmente, pais, responsáveis, familiares, professores e amigos quando leem essa tabela de sintomas, rapidamente diagnostica crianças ao seu redor: “fulano é desse jeitinho”, ou então: “ciclano tem esse transtorno, ele age dessa forma que está escrito”. O erro está aí: o diagnóstico de TDAH não é tão simples como está descrito nos sintomas acima.

Primeiramente, é preciso que um profissional capacitado (neuropsiquiatras, psiquiatras, psicólogos, neuropsicólogos) faça uma avaliação da história de vida da criança/adolescente. Pois, esses comportamentos citados anteriormente podem ser decorrentes de conflitos familiares, ambientes escolares inadequados, dificuldades sociais da criança, perda de algum ente querido, entre muitos outros fatores.

Além disso, é preciso que o profissional observe algumas pistas peculiares que indicam a presença do transtorno, tais como: a duração dos sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade, a frequência, intensidade, persistência em vários locais e ao longo do tempo.

A criança ou adolescente que realmente tem TDAH carrega um prejuízo significativo em sua vida. Portanto, o profissional deve ter o entendimento do significado de cada sintoma, por exemplo, é fundamental verificar se a criança não obedece as instruções dadas por não conseguir prestar atenção no que está sendo dito ou se ela não tem interesse naquilo.

Desse modo, é preciso compreender que uma lista de sintomas sem uma avaliação bem conduzida não significa que a criança/adolescente tenha o transtorno. Pois, atualmente percebe-se uma “epidemia de TDAH’s”, onde as indústrias farmacêuticas inseridas em uma sociedade capitalista lucram às custas dos diagnósticos, que muitas vezes são rápidos e mal avaliados.

Assim, é de suma importância que os pais ou responsáveis procurem profissionais devidamente qualificados. Eles irão conduzir uma avaliação com cautela, que não colocará apenas rótulos nas pessoas para que elas o carreguem no resto de suas vidas. Pois, muitas características de TDAH estão presentes em crianças sem o transtorno, um vez que durante a infância e adolescência é comum um padrão de desatenção, hiperatividade e impulsividade, visto que essas funções ainda encontram-se em desenvolvimento.
Manuella Garcia Resende de Deus
Psicóloga  (CRP: 09/9498)
Atualmente é Psicóloga Clínica do Programa Desenvolver
e especializanda em Psicodrama Psicoterápico
Marina Magalhães David
Psicóloga (09/9789)
Atualmente é Psicóloga Clínica do Programa Desenvolver
e especializanda em Psicodrama Psicoterápico

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Adolescência: que fase é essa?

Quando você escuta a palavra adolescência o que vêm a sua cabeça? Qual significado que você da a essa “etapa” da vida? Nosso objetivo nesse artigo é discutir a respeito dessa “fase” que é muito debatida em nossa sociedade.

Certamente ao responder as questões levantadas anteriormente apareceram pensamentos como: “é uma fase da vida que a pessoa passa da infância para a vida adulta”, “é um momento difícil, pois os adolescentes enfrentam muitos conflitos”, “é uma fase de rebeldia, pois eles estão em busca da sua identidade”, “é a fase que os filhos dão mais trabalho para os pais”, “é a saída da infância para querer começar a namorar”, entre outros. 


As frases citadas anteriormente são ditas com frequência em nosso meio pela sociedade em geral. Ao analisa-las com cuidado percebe-se que a adolescência tem sido vista de forma negativa pelas pessoas, caracterizada como uma fase difícil na vida do adolescente e de quem está em sua volta.

Desse modo, cabem questionamentos e reflexões acerca desse momento da vida que todos passam: porque a adolescência tem sido vista de forma ruim pela sociedade? Para responder a essa pergunta primeiramente é importante compreender que essas respostas são frutos de uma construção social, onde a própria sociedade estabeleceu conceitos acerca da adolescência e hoje tratam essa fase da vida como se fosse natural e intrínseca ao ser humano. É como se todas as pessoas tivessem destinadas a passar por esse momento “difícil” da vida.


Por isso, é importante destacar que as pessoas não estão definidas a passar por essa fase instintivamente. Esse modelo de adolescência foi construído pela sociedade e pode mudar daqui alguns anos. Exemplo dessa mudança, é que historicamente antes da revolução industrial, as pessoas não passavam por essa “fase”, pois os seres humanos saíam da infância e já ingressavam no mercado de trabalho, constituíam famílias e levavam uma “vida adulta”.

Depois da revolução industrial, a sociedade começou a exigir mais qualificação profissional e consequentemente mais tempo de preparação para ingressar no mercado de trabalho. Foi nesse período de espera entre a saída da infância e a preparação para o trabalho que surgiu a fase da adolescência. Provavelmente, foi neste momento que começou a surgir conflitos, pois os jovens se consideravam preparados para ter uma vida mais independente, porém precisava esperar o momento certo para conquista-la.

Atualmente, essa espera tem ficado cada vez maior, e a fase “adolescência” cada vez mais difícil. Porém, é importante que os pais compreendam que seus filhos não estão destinados a serem rebeldes nesse momento da vida. Mas sim, que estão passando por um momento de transição entre a infância e a preparação para uma vida adulta, em que pode acontecer de forma tranquila se for bem conduzida. 
Marina Magalhães David
Psicóloga do Programa Desenvolver

Manuella Garcia Resende de Deus
Psicóloga do Programa Desenvolver

segunda-feira, 30 de março de 2015

Adultização infantil: O que significa?

No nosso dia-dia comumente encontramos crianças nas quais dizemos: “nossa, ela é muito madura para a idade dela” ou “essa criança se comporta como gente grande”. Nesse texto iremos discutir o conceito de adultização infantil, bem como as conseqüências que esse comportamento pode ocasionar na vida da criança, amigos e familiares.

Segundo o dicionário Priberam, a palavra Adultização significa: “ato ou efeito de adultizar, dar ou tomar caráter adulto”. Ou seja, crianças que se comportam como se fossem pessoas adultas, são vistas como adultizadas.

E como se comporta uma criança adultizada?

Os comportamentos adultizados das crianças geralmente se reconhecem através das vestimentas, em que as mesmas usam roupas e acessórios como os adultos utilizam. Além disso, é comum ocorrer uma erotização precoce dessas crianças, em que vivenciam a sexualidade desde muito cedo. Também se observa a forma como elas estão se comunicando, pois costumam imitar gírias e palavreados que os mais velhos falam. Na maioria das vezes, essas crianças perdem o interesse em atividades ou assuntos infantis e se empenham para se comportarem cada vez mais como os adultos.


Esse fenômeno pode se tornar bastante prejudicial para nossas crianças, pois elas estão perdendo o verdadeiro sabor da infância, onde as principais preocupações são de ir para escola, fazer as atividades escolares, relacionar-se com os amigos e fantasiar nas brincadeiras. Além disso, se torna perigoso, pois apesar dessas crianças se comportarem como adultos, elas ainda não tem maturidade suficiente para tal. Ou seja, pessoas podem se aproveitar delas de diversas formas, tais como, pedir para fazer “fofocas” para se dar bem, solicitar que elas façam algo errado para tirar proveito da situação ou até mesmo abusar sexualmente.



Portanto, é de suma importância que os pais e responsáveis tomem alguns cuidados para evitar esses comportamentos adultizados das crianças, pois, estas vivenciam muitos estímulos na nossa atual sociedade. Dentre os principais cuidados estão:

- Evitar envolver a criança em assuntos adultos. Por exemplo: “Pedir para que ela fale algo para alguém que você não tem coragem.” Esses comportamentos são comuns nos adultos, pois tiram proveito da espontaneidade que a criança possui, para pedir que ela fale algo para alguém e não fique um clima constrangedor entre os adultos.

- Manter atenção no que conversa com os adultos perto das crianças, pois muitos vêem a criança no ambiente e tratam como se ela não entendesse o que está sendo conversado. Muito pelo contrário, na maioria das vezes a criança está bem atenta no assunto. (Atenção: isso não significa que a criança deve ser enganada, mas sim que deve ter a forma certa de conversar certos assuntos com ela).

- As crianças que ficam em casa sem nada para fazer e têm a opção de ficar na internet, podem estar sendo auxiliadas de forma positiva ou negativa. Nas redes sociais, todos nós sabemos que existem pessoas mal intencionadas e que podem trazer diversos males para crianças que estão ali por qualquer motivo. Então, é importante estar sempre atento ao que a criança está fazendo e em qual site está entrando.

- Saber com quem a criança está se envolvendo, pois a adultização ocorre por influência de outras pessoas, tanto por crianças ou adultos.



Manuella Garcia Resende de Deus
Psicóloga do Programa Desenvolver



Marina Magalhães David
 Psicóloga do Programa Desenvolver




terça-feira, 24 de março de 2015

Trabalho, cansaço e falta de tempo: como conciliar com os filhos?

A educação está inteiramente relacionada aos pais ou responsáveis e, a família também exerce um papel muito importante na construção da personalidade das crianças.  Por esse motivo, os pais devem compreender suas responsabilidades e competências na hora de educar. Desse modo, este texto contribui para um assunto muito importante a ser discutido: a falta de tempo dos pais e a educação dos filhos.

Atualmente, vivenciamos um mundo de grandes transformações, em que a família tradicional dá lugar a um novo modelo de configuração familiar. No modelo tradicional o pai encontra-se como provedor, que oferece suporte emocional à mãe, mas não se envolve diretamente com os filhos, exercendo poder de autoridade, enquanto a mãe é mais próxima afetivamente e fisicamente das crianças e cuida da casa. 

No modelo emergente de configuração familiar, os homens são, psicologicamente, capazes de participar ativamente dos cuidados e criação das crianças, enquanto as mães também participam das responsabilidades financeiras da casa, ou seja, os dois trabalham fora e participam de forma equitativa na educação dos filhos.


Desse modo, para acompanhar essa transformação social é preciso saber lidar também com os filhos, que agora se vêem distante dos pais diariamente, pois além destes trabalharem fora, as atividades resignadas às crianças tornam-se cada vez mais constantes.

Isso é um problema? Digamos que se os pais souberem lidar com a criança e a falta de tempo, a resposta é não. Porém, se a ponderação do tempo com a criança não ocorrer, ela poderá sentir-se desamparada, o que pode ocasionar problemas de ordem psicológica e social na formação do caráter da mesma.

Geralmente, os pais que trabalham fora o dia todo chegam em casa cansados e só querem fazer atividades para dar uma “relaxada”. Desse modo, esquecem de dar a atenção necessária para as crianças, fazendo com que ela faça de tudo para chamar atenção, por exemplo: a criança que passa o dia todo sem os pais, no momento em que se encontra com eles, provavelmente ela irá chamar-los para brincar, contar o que aconteceu no dia, falar sobre o que aprendeu na escola, enfim, qualquer coisa que ganhe carinho e atenção dos pais. Se os pais dizem: “Está bom fulano, agora deixa eu ver o jornal” ou “cale a boca, a noticia é importante” poderá inibir comportamentos futuros, fazendo que a relação entre pais e filhos fiquem cada vez mais distantes.


Na convivência do dia-dia esses comportamentos passam despercebidos pelos pais. No momento em que chegam em casa, os pais devem auxiliar o filho a estabelecer o bom convívio, contando como foi a experiência do dia, o que comeram, o que fizeram, e também escutar com interesse o que a criança tem para contar. A família deve estabelecer um vínculo muito forte com a criança, pois deve ser ensinado desde muito cedo que estão trabalhando diariamente, mas que estão disponíveis para ouvir qualquer reclamação ou qualquer angústia que a criança tenha.

É de suma importância que os pais se atentem cada vez mais aos detalhes que os filhos demonstram estar sentindo falta. Às vezes 30 minutos do dia que os pais tiram para brincar e conversar com as crianças já é suficiente. Desse modo, é relevante salientar que a família precisa adquirir ajustamentos para se manterem próximos apesar das rotinas diárias, pois o vínculo afetivo familiar é essencial para a qualidade de vida dos seres humanos. 

O Programa Desenvolver atende crianças e adolescentes com o objetivo de aprimorar habilidades que por algum motivo se encontram prejudicadas. Telefone para contato: 
(62) 4101-8880/ (62) 8153-8008. 
E-mail: programadesenvolver@outlook.com
Facebook: Programa Desenvolver

Marina Magalhães David
Psicóloga do Programa Desenvolver


Manuella Garcia Resende de Deus
Psicóloga do Programa Desenvolver

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Quando seu filho precisa de um psicólogo?

De modo geral, o trabalho do psicólogo ainda é visto como uma “coisa de doido” pela sociedade. Isso acontece pelo fato do desconhecimento a respeito da nossa profissão, em relação ao que fazemos e como fazemos. Nosso objetivo nesse artigo é apresentar um pouco da importância do nosso trabalho para o desenvolvimento de uma sociedade saudável no mundo atual.


Para isso, iremos começar falando sobre a importância da psicoterapia para crianças. Existem diversos comportamentos que as pessoas consideram irrelevantes como se fossem “coisas de criança” ou como uma fase que vai passar. Por isso, é importante destacar que alguns comportamentos são apenas fases, mas existem outros que podem acarretar problemas futuros para as crianças. Primeiramente, é relevante considerar que na atualidade, os pequenos estão sendo rotulados como portadores de déficits variados, tendo como principal o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Porém, para se dar um diagnóstico é necessário que a criança passe por uma avaliação psicológica ou neuropsicológica por profissionais especializados.


Freqüentemente, esses diagnósticos que são dados por pais, professores, coordenadores, familiares, médicos e psicólogos muitas vezes são errôneos, pois em várias ocasiões essas crianças precisam apenas de um bom acompanhamento psicoterapêutico. Algumas das funções do psicólogo são de investigar, avaliar comportamentos e dar feedbacks para a família a respeito da queixa e demanda dos mesmos. Nesse acompanhamento, a criança terá a oportunidade de falar como se sente frente a diversas situações do dia-dia, tais como, na escola, na família e em outros ambientes sociais.

Porque esse acompanhamento psicoterapêutico é importante?

A infância é marcada por uma fase de constante desenvolvimento e aprendizagem, em que os sujeitos constroem sua identidade, aprendem a viver em sociedade, adquirem valores morais e éticos, dentre outros. Diante esse complexo mundo em que vivemos, é normal que as crianças apresentem dificuldades de adaptação a certas situações. É nesse momento que o acompanhamento psicoterapêutico se torna essencial para a criança. 


Para identificar se uma criança precisa de psicoterapia basta investigar se ela está tendo alguma dificuldade de adaptação a qualquer situação. Alguns exemplos estão: dificuldade de adaptação na escola, dificuldade de adaptação a mudanças familiares, dificuldade de lidar com algum trauma sofrido, dificuldade em socializar com outras pessoas, sejam adultos ou crianças, dentre outros.

Essas dificuldades usadas como exemplo acima, podem acarretar comportamentos considerados inadequados socialmente, tais como: desatenção, tristeza, choro, ansiedade, agressividade, condutas com o objetivo de chamar atenção, baixa auto-estima, entre outros. 


Assim, o psicólogo irá investigar os motivos pelos quais a criança está apresentando comportamentos considerados “inadequados ou diferentes”, para poder designar técnicas de intervenção com o objetivo de trabalhar a queixa ou demanda apresentada pelos pais ou responsáveis.


Marina Magalhães David
Psicóloga do Programa Desenvolver
Manuella Garcia Resende de Deus
Psicóloga do Programa Desenvolver















O Programa Desenvolver atende crianças e adolescentes com o objetivo de aprimorar habilidades que por algum motivo se encontram prejudicadas. Telefone para contato: 
(62) 4101-8880/ (62) 8153-8008. 
E-mail: programadesenvolver@outlook.com
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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

“Musinha Fitness Infantil”: uma breve análise psicológica


Na última semana houve uma grande polêmica nas redes sociais, pois uma criança de 9 anos de idade autointitulada “Musinha Fitness Infantil”, foi alvo de várias críticas, por publicar fotos em seu perfil no “instagram”, que mostra sua rotina de exercícios na academia e de sua alimentação saudável. Alguns pais chegaram a perguntar no consultório a respeito do assunto: Até onde isso é normal? Nesse texto vamos discutir um pouco a respeito desta temática.

Segundo publicações dos pais da criança, a mesma tem acompanhamento diário do pai, que é Educador Físico há 13 anos, em que a auxilia no treino a partir de atividades lúdicas, por duas vezes na semana. Eles afirmam que os exercícios são realizados de acordo com a idade da criança para não prejudicar o seu desenvolvimento físico e motor.

Se tudo está sendo feito nos conformes, porque tantas críticas?


As fotos que foram publicadas pela criança nos lembra algumas postagens que são feitas por várias blogueiras fitness existentes atualmente nas redes sociais. Provavelmente o que indignou o público foi esse tipo de publicação vir de uma criança de apenas 9 anos de idade, pois trazem estímulos eróticos.

Essas fotos são de fácil acesso a todo tipo de público, inclusive pessoas com más intenções. Além disso, através das imagens, podemos perceber que a “musinha” publica uma autoimagem que nos orienta a pessoas mais adultas, assim a criança está antecipando o seu desenvolvimento físico e psicológico, o que pode acarretar problemas sérios para uma futura adolescente e adulta.

A antecipação do desenvolvimento psicológico se dá pelo fato de que a criança pode estar tão agarrada aos treinos e alimentação saudável, ao ponto de que brincadeiras, desenhos e exercícios que estimulam o desenvolvimento podem ficar pouco interessantes para a musinha. Pois, agora a criança está diante de duas realidades consideradas diferentes para uma criança de 9 anos: uma vida fitness e famosa nas redes sociais.

O sonho é de ter uma vida saudável ou de ter muitos seguidores?


A necessidade de ganhar e ter milhares de seguidores se tornou comum para todas as faixas etárias. Podemos ver nas redes sociais que quanto mais seguidores uma pessoa possui, maior será o seu reconhecimento e consequentemente a elevação da autoestima. (Um tema que pode ser mais bem discutido nos próximos textos)

A garota relatou para a mãe que tinha um sonho: chegar aos 2 mil seguidores no instagram. Em menos de 24 horas passou de 998 seguidores para mais de 4000.  A fama que a criança ganhou pode fazer com que ela tenha uma disposição maior para a vida fitness, pois agora ela é assistida por milhares de pessoas. Portanto, a possibilidade da criança se distanciar cada vez mais da infância poderá ser maior. 

Assim, torna-se importante questionar se a criança tem o desejo real de manter uma vida saudável, por ter influência dos pais que são referência no assunto ou, se ela necessita de “mergulhar” nesse mundo de conquistar milhares de seguidores para ser conhecida por todos. Essa diferenciação se torna importante ao passo que a criança precisa adquirir experiências a respeito do que ela gosta e se sente bem ou se está sendo influenciada pelo meio em que está inserida

                                                                                                                                                         

Afinal, onde enxergamos o maior perigo? 


A maioria dos especialistas que se posicionaram a respeito do assunto, relataram que a prática desse tipo de atividade não é recomendável para crianças, pois podem atrapalhar o crescimento e desenvolvimento do corpo de meninos e meninas que ainda não chegaram à adolescência. 

Ao se levar em consideração que a garota está sendo assistida por milhares de pessoas, inclusive crianças, há uma probabilidade de ocorrer uma imitação de comportamento por parte dessas crianças com faixas etárias similares a garota. Porém, os mesmos não terão a orientação e acompanhamento iguais aos que a “musinha fitness infantil” tem tido.

Portanto, é importante que os pais, além de apoiarem na prática de exercícios físicos, pensem na felicidade, segurança, bem estar dos filhos, e nos perigos  que as redes sociais podem acarretar  para a vida de seus usuários. 
Marina Magalhães David
Atualmente é Psicóloga do Programa Desenvolver

Manuella Garcia Resende de Deus
Atualmente é Psicóloga do Programa Desenvolver


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Independência da criança: quando construir?

Os pais quando ganham um bebezinho se deparam com tamanha responsabilidade, pois vem ao mundo um neném que é totalmente dependente de seus cuidados. À medida que esses pequenos crescem, surgem dúvidas a respeito do que deixar a criança fazer sozinha e o que fazer para ela, tais como: quando deixar tomar banho sozinha? Quando ela deve pentear o cabelo? Quando pode escolher a roupa que deve usar para sair?       

Acostumados com essa dependência dos filhos, os pais às vezes têm dificuldade em deixar a criança “começar a andar com as próprias pernas”, por achar que elas “ainda são novas para fazer isso ou aquilo”. Com esse pensamento acabam retardando o desenvolvimento do filho e trazendo prejuízos para o futuro, pois provavelmente irá se tornar um adolescente dependente dos pais e um adulto dependente das pessoas. A criança muitas vezes é tratada como se não fosse capaz de fazer nada sozinha, por exemplo: ela quer arrumar um lanche e algumas mães têm o costume de dizer: “me dá isso aqui que você é muito estabanado para fazer”. Com o tempo, toda vez que essa criança quiser comer um lanche ela vai pedir a mãe para arrumar porque realmente se acha estabanado.





Independência é um tema bastante discutido com pais e responsáveis que nos procuram no consultório. Às vezes chegam pais dizendo: “meu filho já tem idade o suficiente para fazer as coisas sem mim, mas não faz”. Assim, é importante ser dito que os adultos trabalham como mediadores das crianças. Isso significa que eles são responsáveis por ensiná-las as tarefas do dia-dia, para que futuramente as mesmas possam se tornar seres humanos capazes de fazer o que todos os outros adultos fazem. A criança desde muito pequena deve ser estimulada para fazer todas as atividades diárias, pois ela amadurece gradativamente e na medida em que cresce já deve conseguir fazer certas atividades sozinhas. É importante ressaltar que a independência que fazemos referência neste texto é em relação às coisas que são cabíveis a criança fazer devido a sua faixa etária.


Quando a criança não é estimulada e não tem a oportunidade de tentar fazer uma atividade mesmo que não consiga, ela vai demorar mais tempo para conseguir realizar tarefas. É como aprender a dirigir, começa aos poucos e vai melhorando de acordo com a prática.  Por isso, é de suma importância que os pais tenham paciência para ensinar.

A independência deve ser dada desde muito pequeno, mas na medida certa. Pois, da mesma forma que existem pais que deixam a criança muito dependente, tem pais que acabam se tornando ausentes por quererem dar independência demais para a criança, causando prejuízos de ordem social e emocional para o sujeito. Através de certas falas e atitudes as crianças são capazes de tomar consciência que elas dão conta, que podem e que são capacitadas para desenvolver várias atividades sem auxilio de pessoas adultas.



Marina Magalhães David
Atualmente é Psicóloga do Programa Desenvolver