segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Quando seu filho precisa de um psicólogo?

De modo geral, o trabalho do psicólogo ainda é visto como uma “coisa de doido” pela sociedade. Isso acontece pelo fato do desconhecimento a respeito da nossa profissão, em relação ao que fazemos e como fazemos. Nosso objetivo nesse artigo é apresentar um pouco da importância do nosso trabalho para o desenvolvimento de uma sociedade saudável no mundo atual.


Para isso, iremos começar falando sobre a importância da psicoterapia para crianças. Existem diversos comportamentos que as pessoas consideram irrelevantes como se fossem “coisas de criança” ou como uma fase que vai passar. Por isso, é importante destacar que alguns comportamentos são apenas fases, mas existem outros que podem acarretar problemas futuros para as crianças. Primeiramente, é relevante considerar que na atualidade, os pequenos estão sendo rotulados como portadores de déficits variados, tendo como principal o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Porém, para se dar um diagnóstico é necessário que a criança passe por uma avaliação psicológica ou neuropsicológica por profissionais especializados.


Freqüentemente, esses diagnósticos que são dados por pais, professores, coordenadores, familiares, médicos e psicólogos muitas vezes são errôneos, pois em várias ocasiões essas crianças precisam apenas de um bom acompanhamento psicoterapêutico. Algumas das funções do psicólogo são de investigar, avaliar comportamentos e dar feedbacks para a família a respeito da queixa e demanda dos mesmos. Nesse acompanhamento, a criança terá a oportunidade de falar como se sente frente a diversas situações do dia-dia, tais como, na escola, na família e em outros ambientes sociais.

Porque esse acompanhamento psicoterapêutico é importante?

A infância é marcada por uma fase de constante desenvolvimento e aprendizagem, em que os sujeitos constroem sua identidade, aprendem a viver em sociedade, adquirem valores morais e éticos, dentre outros. Diante esse complexo mundo em que vivemos, é normal que as crianças apresentem dificuldades de adaptação a certas situações. É nesse momento que o acompanhamento psicoterapêutico se torna essencial para a criança. 


Para identificar se uma criança precisa de psicoterapia basta investigar se ela está tendo alguma dificuldade de adaptação a qualquer situação. Alguns exemplos estão: dificuldade de adaptação na escola, dificuldade de adaptação a mudanças familiares, dificuldade de lidar com algum trauma sofrido, dificuldade em socializar com outras pessoas, sejam adultos ou crianças, dentre outros.

Essas dificuldades usadas como exemplo acima, podem acarretar comportamentos considerados inadequados socialmente, tais como: desatenção, tristeza, choro, ansiedade, agressividade, condutas com o objetivo de chamar atenção, baixa auto-estima, entre outros. 


Assim, o psicólogo irá investigar os motivos pelos quais a criança está apresentando comportamentos considerados “inadequados ou diferentes”, para poder designar técnicas de intervenção com o objetivo de trabalhar a queixa ou demanda apresentada pelos pais ou responsáveis.


Marina Magalhães David
Psicóloga do Programa Desenvolver
Manuella Garcia Resende de Deus
Psicóloga do Programa Desenvolver















O Programa Desenvolver atende crianças e adolescentes com o objetivo de aprimorar habilidades que por algum motivo se encontram prejudicadas. Telefone para contato: 
(62) 4101-8880/ (62) 8153-8008. 
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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

“Musinha Fitness Infantil”: uma breve análise psicológica


Na última semana houve uma grande polêmica nas redes sociais, pois uma criança de 9 anos de idade autointitulada “Musinha Fitness Infantil”, foi alvo de várias críticas, por publicar fotos em seu perfil no “instagram”, que mostra sua rotina de exercícios na academia e de sua alimentação saudável. Alguns pais chegaram a perguntar no consultório a respeito do assunto: Até onde isso é normal? Nesse texto vamos discutir um pouco a respeito desta temática.

Segundo publicações dos pais da criança, a mesma tem acompanhamento diário do pai, que é Educador Físico há 13 anos, em que a auxilia no treino a partir de atividades lúdicas, por duas vezes na semana. Eles afirmam que os exercícios são realizados de acordo com a idade da criança para não prejudicar o seu desenvolvimento físico e motor.

Se tudo está sendo feito nos conformes, porque tantas críticas?


As fotos que foram publicadas pela criança nos lembra algumas postagens que são feitas por várias blogueiras fitness existentes atualmente nas redes sociais. Provavelmente o que indignou o público foi esse tipo de publicação vir de uma criança de apenas 9 anos de idade, pois trazem estímulos eróticos.

Essas fotos são de fácil acesso a todo tipo de público, inclusive pessoas com más intenções. Além disso, através das imagens, podemos perceber que a “musinha” publica uma autoimagem que nos orienta a pessoas mais adultas, assim a criança está antecipando o seu desenvolvimento físico e psicológico, o que pode acarretar problemas sérios para uma futura adolescente e adulta.

A antecipação do desenvolvimento psicológico se dá pelo fato de que a criança pode estar tão agarrada aos treinos e alimentação saudável, ao ponto de que brincadeiras, desenhos e exercícios que estimulam o desenvolvimento podem ficar pouco interessantes para a musinha. Pois, agora a criança está diante de duas realidades consideradas diferentes para uma criança de 9 anos: uma vida fitness e famosa nas redes sociais.

O sonho é de ter uma vida saudável ou de ter muitos seguidores?


A necessidade de ganhar e ter milhares de seguidores se tornou comum para todas as faixas etárias. Podemos ver nas redes sociais que quanto mais seguidores uma pessoa possui, maior será o seu reconhecimento e consequentemente a elevação da autoestima. (Um tema que pode ser mais bem discutido nos próximos textos)

A garota relatou para a mãe que tinha um sonho: chegar aos 2 mil seguidores no instagram. Em menos de 24 horas passou de 998 seguidores para mais de 4000.  A fama que a criança ganhou pode fazer com que ela tenha uma disposição maior para a vida fitness, pois agora ela é assistida por milhares de pessoas. Portanto, a possibilidade da criança se distanciar cada vez mais da infância poderá ser maior. 

Assim, torna-se importante questionar se a criança tem o desejo real de manter uma vida saudável, por ter influência dos pais que são referência no assunto ou, se ela necessita de “mergulhar” nesse mundo de conquistar milhares de seguidores para ser conhecida por todos. Essa diferenciação se torna importante ao passo que a criança precisa adquirir experiências a respeito do que ela gosta e se sente bem ou se está sendo influenciada pelo meio em que está inserida

                                                                                                                                                         

Afinal, onde enxergamos o maior perigo? 


A maioria dos especialistas que se posicionaram a respeito do assunto, relataram que a prática desse tipo de atividade não é recomendável para crianças, pois podem atrapalhar o crescimento e desenvolvimento do corpo de meninos e meninas que ainda não chegaram à adolescência. 

Ao se levar em consideração que a garota está sendo assistida por milhares de pessoas, inclusive crianças, há uma probabilidade de ocorrer uma imitação de comportamento por parte dessas crianças com faixas etárias similares a garota. Porém, os mesmos não terão a orientação e acompanhamento iguais aos que a “musinha fitness infantil” tem tido.

Portanto, é importante que os pais, além de apoiarem na prática de exercícios físicos, pensem na felicidade, segurança, bem estar dos filhos, e nos perigos  que as redes sociais podem acarretar  para a vida de seus usuários. 
Marina Magalhães David
Atualmente é Psicóloga do Programa Desenvolver

Manuella Garcia Resende de Deus
Atualmente é Psicóloga do Programa Desenvolver


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Independência da criança: quando construir?

Os pais quando ganham um bebezinho se deparam com tamanha responsabilidade, pois vem ao mundo um neném que é totalmente dependente de seus cuidados. À medida que esses pequenos crescem, surgem dúvidas a respeito do que deixar a criança fazer sozinha e o que fazer para ela, tais como: quando deixar tomar banho sozinha? Quando ela deve pentear o cabelo? Quando pode escolher a roupa que deve usar para sair?       

Acostumados com essa dependência dos filhos, os pais às vezes têm dificuldade em deixar a criança “começar a andar com as próprias pernas”, por achar que elas “ainda são novas para fazer isso ou aquilo”. Com esse pensamento acabam retardando o desenvolvimento do filho e trazendo prejuízos para o futuro, pois provavelmente irá se tornar um adolescente dependente dos pais e um adulto dependente das pessoas. A criança muitas vezes é tratada como se não fosse capaz de fazer nada sozinha, por exemplo: ela quer arrumar um lanche e algumas mães têm o costume de dizer: “me dá isso aqui que você é muito estabanado para fazer”. Com o tempo, toda vez que essa criança quiser comer um lanche ela vai pedir a mãe para arrumar porque realmente se acha estabanado.





Independência é um tema bastante discutido com pais e responsáveis que nos procuram no consultório. Às vezes chegam pais dizendo: “meu filho já tem idade o suficiente para fazer as coisas sem mim, mas não faz”. Assim, é importante ser dito que os adultos trabalham como mediadores das crianças. Isso significa que eles são responsáveis por ensiná-las as tarefas do dia-dia, para que futuramente as mesmas possam se tornar seres humanos capazes de fazer o que todos os outros adultos fazem. A criança desde muito pequena deve ser estimulada para fazer todas as atividades diárias, pois ela amadurece gradativamente e na medida em que cresce já deve conseguir fazer certas atividades sozinhas. É importante ressaltar que a independência que fazemos referência neste texto é em relação às coisas que são cabíveis a criança fazer devido a sua faixa etária.


Quando a criança não é estimulada e não tem a oportunidade de tentar fazer uma atividade mesmo que não consiga, ela vai demorar mais tempo para conseguir realizar tarefas. É como aprender a dirigir, começa aos poucos e vai melhorando de acordo com a prática.  Por isso, é de suma importância que os pais tenham paciência para ensinar.

A independência deve ser dada desde muito pequeno, mas na medida certa. Pois, da mesma forma que existem pais que deixam a criança muito dependente, tem pais que acabam se tornando ausentes por quererem dar independência demais para a criança, causando prejuízos de ordem social e emocional para o sujeito. Através de certas falas e atitudes as crianças são capazes de tomar consciência que elas dão conta, que podem e que são capacitadas para desenvolver várias atividades sem auxilio de pessoas adultas.



Marina Magalhães David
Atualmente é Psicóloga do Programa Desenvolver