sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Como conversar de sexualidade com seus (as) filhos (as)



Por muito tempo, falar de sexualidade com os(as) filhos(as) era considerado um tabu ou uma proibição. Porém, nos dias atuais, a discussão desta temática é imprescindível para o próprio desenvolvimento. Neste texto, irei abordar algumas questões que poderão facilitar esse processo de educação sexual no contexto familiar.

- Compreender em que tempo estamos falando:
A sexualidade é uma construção social e cultural que muda de acordo com o tempo e contexto. Se vocês lembrarem como eram os relacionamentos de seus avós, vocês irão compreender facilmente esse tópico. Algumas crenças e tabus de décadas atrás foram e estão sendo quebradas atualmente, o que pode ser um dos motivos para os pais terem dificuldade em educar sexualmente seus(as) filhos(as), pois o tempo é outro.
Para que a educação sexual seja um sucesso, é fundamental que haja a compreensão das mudanças culturais e sociais sobre a sexualidade, em determinados espaços e tempos, bem como compreender como essas transformações influenciam a criação de seus filhos hoje. Além, é claro, da própria influência nos pais e familiares.

- Influências Sociais:
É inevitável o nosso contato com a sexualidade, imagina os(as) seus(as) filhos(as)? Diariamente estamos sendo bombardeados com o assunto, sejam na TV, na escola, nos livros, músicas, jogos, filmes, desenhos, em casa, com os amigos, parentes, babás, entre outros. São inúmeras fontes que, se atentarmos bem, veremos diversos meios e expressões de sexualidade.
Porém, mesmo que estejamos sempre em contato com o assunto, quando se trata da educação sexual de crianças e adolescentes, é importante que os pais estejam atentos às quais informações eles(as) estão tendo acesso. Visto que podem estar recebendo certas informações/explicações que são errôneas e/ou prejudiciais para o desenvolvimento da sexualidade infantil, infanto-juvenil, adolescente e futuro adulto.

- O exercício de voltar-se a si mesmo:
Um exercício necessário para compreender a sexualidade, a fim de tirar as dúvidas de seus(as) filhos(as), é voltar a atenção a si mesmo(a) e às dúvidas que cada um tem sobre a temática. Pois, muitas vezes quando as crianças questionam, nem mesmo os pais sabem ou estão preparados(as) para responder. Ai surgem aqueles famosos jargões que servem de escape: “do que você está falando menino(a)?”, “onde você está aprendendo essas bobagens?”, “vou te por de castigo!”.
Quando os pais agem dessa forma, podem distanciar essas crianças/adolescentes, que em contrapartida, vão atrás de outros meios para obterem as informações que procuram e geralmente não são as mais indicadas para esclarecê-las. Assim, é primordial que os pais estejam em dias com as dúvidas acerca da sexualidade e busquem meios para esclarecê-las, para que, ao serem questionados(as) acerca de determinados assuntos relacionados, saibam e estejam preparados(as) para responder de forma adequada e acessível aos(as) filhos(as).

- As respostas:
Quando vocês forem pegos(as) de surpresa com aquelas perguntas que não estão esperando, a melhor forma de respondê-las, primeiramente, é sendo verdadeiros(as) sobre o que irão dizer. As vezes usar de fantasias para explicar a sexualidade, pode não ser uma boa opção, pois depende da subjetividade de cada pessoa e a forma como irão formar tais conceitos.
Essas respostas devem ser acessíveis e compreensíveis às crianças, seja de forma objetiva ou mais elaboradas. Cabe ressaltar que o foco deve ser em tentar responder àquilo que a criança esteja perguntando e sempre estarem atentos(as) para evitarem posturas preconceituosas e discriminativas, no que diz respeito às sexualidades.

- Vantagens em abordar a sexualidade com os filhos:
Uma das principais vantagens da educação sexual consiste no autoconhecimento, sejam dos(as) filhos(as) ou dos pais. Mediante essa educação, todos(as) poderão ter outros contatos, e até mesmo novos encontros com seu próprio corpo e sua própria sexualidade. A construção desse conceito é importante para que todos(as) estejam atentos(as) a compreender como se dão as relações entre pessoas e consigo mesmo(a), entre outros aspectos que cercam o desenvolvimento humano.
É importante lembrar que a sexualidade não é um conceito único (fixo), ele muda de acordo com a cultura, história e contexto em que nós nos localizamos. Aprender e ensinar sobre sexualidade é um processo que nos acompanha durante toda a vida e que devemos estar sempre atentos.


Imagem: Extraída do Google Imagens

Marcelo Marques Assis é psicólogo pela PUC GOIÁS. Atualmente está cursando pós-graduação em Gestalt-Terapia pelo Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt-Terapia de Goiânia (ITGT), possui Curso de Capacitação em Gênero pelo IDH/Método – LTBA juntamente com a Secretaria Cidadã; Curso de Formação Feminista. Atua como psicólogo clínico e tem interesse em pesquisas e estudos nas temáticas de Gênero, Sexualidade e Feminismo.



quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Birras, porque acontecem? 

Em diversas ocasiões nós nos deparamos com responsáveis de crianças de diferentes idades com queixas de birras frequentes. Diante de situações que se tornam constrangedoras, muitas vezes esses responsáveis ficam desesperados por não conseguirem agir diante de tal circunstância.   
Inicialmente é importante descrever o termo “birra” de forma objetiva. De acordo com os dicionários, a birra é caracterizada por ser uma insistência em permanecer no mesmo comportamento, na mesma opinião ou ideia, algo que contraria alguém.
O termo “birra” costuma ser bastante utilizado em nossa sociedade. Ele é utilizado para descrever comportamentos de crianças que não aceitam aborrecimentos, que talvez não consigam ouvir o que é negativo para elas no momento, ou seja, a birra é considerada como uma intolerância a frustração.



O que leva as crianças obterem tal conduta?

Muitas vezes, quando a criança quer ganhar algo, ou quer fazer com que os responsáveis façam algo por ela, elas costumam pedir de maneira normal. Às vezes, os pais condicionam a criança a ter o comportamento da birra sem ao menos ter ideia do que estão fazendo. Vamos entrar em mais detalhes através de um exemplo a seguir:   
Quando a criança quer conquistar algo dos pais, inicialmente tem o costume de pedir, pode ser algo bobo como brincar na porta de casa com os amigos. No momento em que a criança diz: “posso brincar lá fora?”, algumas vezes os pais vão dizer: “não”. Quando a criança ouve o “não”, a tendência é insistir para que o responsável permita, pois foi dito apenas o “não” de forma solta, sem nenhuma explicação dos motivos pelos quais não se é para ir brincar fora de casa. Certamente a criança irá utilizar voz manhosa, vai ser insistente fazendo pedidos incessantes, ou seja, ela vai fazer o que for possível para alcançar tal objetivo. Após esse tipo de comportamento,  o que temos visto na maioria das vezes são responsáveis que não aguentam tanta insistência e por fim acabam dizendo: “tudo bem, então vai.”.

Esses tipos de conduta que alguns pais ou responsáveis apresentam, inicialmente surtem um resultado positivo para elas, onde a criança interrompe suas insistências já que o objetivo que consistia em "brincar lá fora" foi  alcançado. E depois, o que acontece?  
Ao proferir a palavra "não" a uma criança, os responsáveis devem estar cientes das possíveis consequências que poderão surgir a partir de tal resposta e manterem-se firmes. A criança poderá chorar, insistir, emburrar, gritar, agredir e pode até tentar desobedecer ao que lhe foi imposto. É importante ficarem atentos em cada resposta que se dá a uma criança, pois ela poderá indagar sobre o porquê de não poder fazer tal coisa enquanto os coleguinhas podem, ou então fazer vários questionamentos a respeito do motivo pelo qual não se pode fazer aquilo naquele momento. Com isso, existe um risco muito grande em pronunciar a palavra “não” diante das insistências citadas acima, pois, os responsáveis podem perder a paciência com tanta insistência e por fim, cederem às vontades e desejos da criança. Dessa forma, ela poderá interpretar da seguinte forma: “se eu chorei, insisti e fiz tudo isso e ela acabou deixando, então é assim que funciona, sempre que eu quiser e ela não deixar eu vou agir assim”. E é a partir desse comportamento dos responsáveis que se dá inicio ao comportamento de “birra” em algumas crianças.

Quando os responsáveis agem dessa forma, com o passar do tempo algumas crianças vão se tornando intolerantes as frustrações, tal comportamento recebe este nome devido à criança não saber ouvir as palavras: “não”, “depois”, “agora não tenho dinheiro”. Com o decorrer do tempo a criança vai se tornando ainda mais insistente, “birrenta”, o que chega a uma condição em que pais nos procuram com queixas de que ninguém consegue ficar perto dos seus filhos, ou que estão passando vergonha nos lugares devido ao escândalo que a criança faz ao ouvir o “não”. 
Explicar o motivo do “não” tem grande importância no aspecto de aprendizado para a criança, pois, a intenção é fazer com que ela saiba que as coisas não são da maneira que ela quer. A finalidade desse processo de ensinamento é fazer com que a criança entenda que para tudo existe o seu tempo, a intenção é fazer com que ela tome consciência sobre as regras que existem ao longo da vida e, também adquira um conhecimento sobre os limites que no qual ela precisa respeitar.


O que fazer para que isso não aconteça?

       Os responsáveis devem esclarecer os motivos pelos quais não vão permitir com que a criança faça somente o que deseja. Devem também ficar atentos nos comportamentos da criança quando não autorizam que ela faça tal coisa, pois, diante de qualquer comportamento que ela apresentar que esteja fora do habitual, é importante sentar e conversar a respeito, explicar que mesmo chorando ela não vai fazer o que quer. É importante sempre mostrar quais são os limites e as regras que a criança deverá cumprir. 

        Tivemos a intenção de mostrar neste texto a importância de conversar com os filhos e esclarecer  suas dúvidas, uma vez que, a explicação dos responsáveis é fundamental para o futuro das crianças. Às vezes é doloroso para os pais utilizarem a palavra “não” com os filhos e, em algumas ocasiões eles mesmos percebem que não haveria problema algum ter dito sim, mas a fala deverá ser permanecida para que seja evitado que a criança no futuro, adquira o comportamento de "birra" e se torne intolerante à frustração.


Manuella Garcia Resende de Deus
Psicóloga (CRP: 09/9498) com ênfase em psicologia escolar pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Foi estagiária no Centro de Educação de Jovens e Adultos e no Instituto Federal Goiás - Câmpus. Cursa especialização em Psicologia Clínica pela Sociedade Goiana de Psicodrama (SOGEP). Atualmente é Psicóloga Clínica e Diretora do Programa Desenvolver - Projeto de extensão da Rede Goiana de Psicologia.


Marina Magalhães David
Psicóloga (CRP: 09/9789) com ênfase em psicologia escolar pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Cursa mestrado em Psicologia do Desenvolvimento Humano e Saúde pela Universidade de Brasília (UnB) e especialização em Psicologia Clínica pela Sociedade Goiana de Psicodrama (SOGEP). Atualmente é Psicóloga Clínica do Programa Desenvolver e Conselheira da Rede Goiana de Psicologia.


segunda-feira, 20 de julho de 2015

Seu filho está com dificuldades na escola? Saiba como identificar as causas

Atualmente, existem muitas discussões a respeito das causas que levam crianças a apresentarem dificuldades escolares, principalmente quando o assunto está relacionado a conseguir ficar quieto ou prestar atenção no que a professora diz e, consequentemente aprender o que está sendo ensinado. Por isso, há um crescente número de diagnósticos em crianças e adolescentes que acompanham o uso de medicação, e tem levado diversos profissionais e pais a se questionarem os motivos que levam essas crianças a apresentarem comportamentos inadequados.


Muito se sabe sobre diagnósticos e sintomas negativos, porém pouco se conhece como determinado transtorno pode se manifestar em cada indivíduo, levando em consideração o que cada criança tem de positivo. Identificar as causas é primordial para que se possa entender o que está comprometido, bem como o que está preservado, para que o tratamento seja eficaz de acordo com a real necessidade.


A identificação das causas pode ser realizada por profissionais especializados em investigar minuciosamente o que há por trás de certos comportamentos, através da Avaliação Neuropsicológica. Esta se propõe a levantar dados sobre o desenvolvimento das funções cerebrais através de entrevistas, observações e testes que identifiquem quais dessas funções estão prejudicadas e quais estão funcionando normalmente.

Essas funções, também ditas do conhecimento são responsáveis por nosso aprendizado e pela adaptação social. Sem o bom funcionamento delas toda nossa vida pode ser prejudicada, pois elas englobam funções como: atenção, memória, percepção, planejamento, linguagem e o funcionamento executivo. É através delas que podemos ser capazes de memorizar um número de telefone; prestar atenção nas tarefas; fazer planejamentos direcionados a metas; conseguir esperar a sua vez para falar ou fazer algo; regulação emocional, dentre outros.

 Nas crianças todas essas funções estão em desenvolvimento e quando há suspeita de que não está acontecendo de forma esperada para a idade, se torna necessário que intervenções sejam realizadas por profissionais, a fim de investigar quais as causas e o que especificamente está motivando a criança a ter mal desempenho escolar ou dificuldade nas interações sociais. Com os resultados da avaliação é possível que outros profissionais como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos possam ter um entendimento mais detalhado sobre o funcionamento da criança, para assim elaborar formas de tratamento cujo objetivo seja aumentar a qualidade de vida dos pacientes. 

Rayana Lima Leal
Neuropsicóloga do Programa Desenvolver

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Você já foi rotulado por alguém?

Você sabe o que significa rotular?

          
De acordo com o dicionário Aurélio, a palavra rotular significa: "colocar rótulo ou etiqueta em; Qualificar de modo simplista; Classificar, reputar". No texto passado falamos sobre o diagnóstico do TDAH e sobre a importância de não rotular crianças ou adolescentes que possuem alguns dos sintomas do transtorno. Porém, o conceito de rotulação se encaixa em praticamente todas as situações do nosso dia a dia.

            
Comumente, a sociedade em que vivemos se organizou de forma que, a maneira como a pessoa se porta ou o que ela faz se torna o que ela é. Por exemplo, na maioria das vezes as crianças e adolescentes são conhecidas predominantemente por suas características: inteligente, feio, bonito, gordinho, custoso, comportado, magrinho, baixinho, entre outras.


O que essa rotulação pode afetar na vida das crianças e adolescentes?

 Esses rótulos colocados em crianças e adolescentes provavelmente geram inibições de tantos outros comportamentos que também poderiam ser emitidos. Quando chamamos uma criança de custosa ou até mesmo de inteligente o tempo todo, nós estamos fazendo com que essas características, sendo positivas ou negativas se tornem predominantes. Quando isso acontece, à tendência a esse comportamento ocorrer é muito maior do que outra característica que também existe, mas não é lembrada por ninguém.
            
Muitas vezes os pais não compreendem que eles mesmos reforçam os comportamentos que são considerados desajustados aos filhos. Por exemplo, uma criança que é custosa em casa, é muito comum ouvir das mães, “fulano é muito custoso, não me ajuda em nada, me responde o tempo todo”. Na maioria das vezes, os comentários são feitos com a criança por perto, ou seja, elas percebem que tem atenção dos pais ou responsáveis somente quando emitem comportamentos esses comportamentos considerados ruins. 


Por isso é importante que os pais, responsáveis, professores, educadores e todas as outras pessoas que fazem parte do convívio social da criança, reconheçam todos os comportamentos que são emitidos para não correr o risco de rotular apenas algumas características da criança.
           
As crianças são capazes de obter aprendizado imitativo, por isso é muito importante que os pais fiquem atentos para não rotularem pessoas perto dos seus filhos. Pois, cada vez mais tem aumentado a incidência de bullying entre as crianças na escola, enfatizando o reflexo de como a sociedade como um todo vem tratando os seres humanos.
           
Portanto, é de grande relevância que os pais ou responsáveis tomem a consciência de que as crianças podem tornar grandes exemplos do que tem visto em casa ou em seu meio de convívio. Por isso, os mesmos devem mostrar os defeitos e principalmente ressaltar as qualidades das pessoas, sempre tendo o cuidado em focar no ser humano como um todo e não apenas nas partes.

      
Marina Magalhães David
Psicóloga (CRP 09/9789) pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (Brasil), com ênfase na formação em psicologia escolar. Possui formação em “ferramentas para pensar” pelo Programa Aprender a Pensar (uma instituição da PUC Goiás especializada em infância, adolescência, juventude e família). Cursa especialização em Psicologia Clínica pela Sociedade Goiana de Psicodrama (SOGEP). Atualmente é psicóloga infantil pelo Programa Desenvolver e Conselheira da Rede Goiana de Psicologia.
                                                                                   

                                                   
Manuella Garcia Resende de Deus
Psicóloga (CRP 09/9498) pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (Brasil), com ênfase em Psicologia Escolar. Atuou como estagiária no CEJA-Ensino de Jovens e Adultos e no IFG-Instituto Federal de Goiânia, trabalhando com psicologia escolar e educacional. Atualmente é Psicóloga Clínica do Programa Desenvolver e cursa especialização em Psicodrama Psicoterápico
    

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Vocês sabem o que é Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade?


Muito conhecido atualmente, o número de diagnósticos de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) têm crescido de modo acelerado em crianças e adolescentes. Por isso, resolvemos falar um pouco sobre o que se trata e como se diagnostica, com o intuito de desmistificar diagnósticos errôneos que são feitos por muitos profissionais da área de saúde.


O TDAH se caracteriza por 3 sintomas principais: desatenção, impulsividade e hiperatividade. Segundo o DSM- IV (2002), os indícios de desatenção se caracterizam por:
1-  A criança/adolescente deixa de prestar atenção em detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares de trabalho ou outras;
2-      Tem dificuldade para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
3-      Parece não escutar quando lhe dirigem a palava;
4-      Não segue instruções e não termina seus deveres;
5-      Tem dificuldades para organizar tarefas e atividades;
6-      Evita, antipatiza ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam esforço constante;
7-      Perde as coisas necessárias;
8-      Distrai-se facilmente por estímulos alheios à tarefa;
9-      Apresenta esquecimento de atividades diárias
Já os sintomas que demonstram hiperatividade-impulsividade se caracterizam por:
Hiperatividade:
1-      Agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira;
2-      Abandona sua cadeira em sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado;
3-      Corre em demasia em situações onde isso é inapropriado;
4-      Está a mil por hora ou, em muitas  vezes, age como se estivesse a todo vapor;
5-      Fala em demasia;
Impulsividade:
1-      Dá respostas precipitadas antes das perguntas terem sido finalizadas;
2-      Tem dificuldade para aguardar sua vez;
3-      Interrompe ou intromete em assuntos dos outros;
4-      Deve estar fazendo sempre alguma coisa ou se agitando.


É importante ressaltar que existem subtipos de TDAH: o subtipo predominante desatento, em que os sintomas de desatenção dominam o comportamento da criança ou adolescente, o subtipo predominante hiperativo/impulsivo onde os sintomas de hiperatividade e impulsividade caracterizam o comportamento da criança ou adolescente e o subtipo combinado, em que se caracteriza pela presença dos dois tipos de sintomas citados acima.

Geralmente, pais, responsáveis, familiares, professores e amigos quando leem essa tabela de sintomas, rapidamente diagnostica crianças ao seu redor: “fulano é desse jeitinho”, ou então: “ciclano tem esse transtorno, ele age dessa forma que está escrito”. O erro está aí: o diagnóstico de TDAH não é tão simples como está descrito nos sintomas acima.

Primeiramente, é preciso que um profissional capacitado (neuropsiquiatras, psiquiatras, psicólogos, neuropsicólogos) faça uma avaliação da história de vida da criança/adolescente. Pois, esses comportamentos citados anteriormente podem ser decorrentes de conflitos familiares, ambientes escolares inadequados, dificuldades sociais da criança, perda de algum ente querido, entre muitos outros fatores.

Além disso, é preciso que o profissional observe algumas pistas peculiares que indicam a presença do transtorno, tais como: a duração dos sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade, a frequência, intensidade, persistência em vários locais e ao longo do tempo.

A criança ou adolescente que realmente tem TDAH carrega um prejuízo significativo em sua vida. Portanto, o profissional deve ter o entendimento do significado de cada sintoma, por exemplo, é fundamental verificar se a criança não obedece as instruções dadas por não conseguir prestar atenção no que está sendo dito ou se ela não tem interesse naquilo.

Desse modo, é preciso compreender que uma lista de sintomas sem uma avaliação bem conduzida não significa que a criança/adolescente tenha o transtorno. Pois, atualmente percebe-se uma “epidemia de TDAH’s”, onde as indústrias farmacêuticas inseridas em uma sociedade capitalista lucram às custas dos diagnósticos, que muitas vezes são rápidos e mal avaliados.

Assim, é de suma importância que os pais ou responsáveis procurem profissionais devidamente qualificados. Eles irão conduzir uma avaliação com cautela, que não colocará apenas rótulos nas pessoas para que elas o carreguem no resto de suas vidas. Pois, muitas características de TDAH estão presentes em crianças sem o transtorno, um vez que durante a infância e adolescência é comum um padrão de desatenção, hiperatividade e impulsividade, visto que essas funções ainda encontram-se em desenvolvimento.
Manuella Garcia Resende de Deus
Psicóloga  (CRP: 09/9498)
Atualmente é Psicóloga Clínica do Programa Desenvolver
e especializanda em Psicodrama Psicoterápico
Marina Magalhães David
Psicóloga (09/9789)
Atualmente é Psicóloga Clínica do Programa Desenvolver
e especializanda em Psicodrama Psicoterápico

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Adolescência: que fase é essa?

Quando você escuta a palavra adolescência o que vêm a sua cabeça? Qual significado que você da a essa “etapa” da vida? Nosso objetivo nesse artigo é discutir a respeito dessa “fase” que é muito debatida em nossa sociedade.

Certamente ao responder as questões levantadas anteriormente apareceram pensamentos como: “é uma fase da vida que a pessoa passa da infância para a vida adulta”, “é um momento difícil, pois os adolescentes enfrentam muitos conflitos”, “é uma fase de rebeldia, pois eles estão em busca da sua identidade”, “é a fase que os filhos dão mais trabalho para os pais”, “é a saída da infância para querer começar a namorar”, entre outros. 


As frases citadas anteriormente são ditas com frequência em nosso meio pela sociedade em geral. Ao analisa-las com cuidado percebe-se que a adolescência tem sido vista de forma negativa pelas pessoas, caracterizada como uma fase difícil na vida do adolescente e de quem está em sua volta.

Desse modo, cabem questionamentos e reflexões acerca desse momento da vida que todos passam: porque a adolescência tem sido vista de forma ruim pela sociedade? Para responder a essa pergunta primeiramente é importante compreender que essas respostas são frutos de uma construção social, onde a própria sociedade estabeleceu conceitos acerca da adolescência e hoje tratam essa fase da vida como se fosse natural e intrínseca ao ser humano. É como se todas as pessoas tivessem destinadas a passar por esse momento “difícil” da vida.


Por isso, é importante destacar que as pessoas não estão definidas a passar por essa fase instintivamente. Esse modelo de adolescência foi construído pela sociedade e pode mudar daqui alguns anos. Exemplo dessa mudança, é que historicamente antes da revolução industrial, as pessoas não passavam por essa “fase”, pois os seres humanos saíam da infância e já ingressavam no mercado de trabalho, constituíam famílias e levavam uma “vida adulta”.

Depois da revolução industrial, a sociedade começou a exigir mais qualificação profissional e consequentemente mais tempo de preparação para ingressar no mercado de trabalho. Foi nesse período de espera entre a saída da infância e a preparação para o trabalho que surgiu a fase da adolescência. Provavelmente, foi neste momento que começou a surgir conflitos, pois os jovens se consideravam preparados para ter uma vida mais independente, porém precisava esperar o momento certo para conquista-la.

Atualmente, essa espera tem ficado cada vez maior, e a fase “adolescência” cada vez mais difícil. Porém, é importante que os pais compreendam que seus filhos não estão destinados a serem rebeldes nesse momento da vida. Mas sim, que estão passando por um momento de transição entre a infância e a preparação para uma vida adulta, em que pode acontecer de forma tranquila se for bem conduzida. 
Marina Magalhães David
Psicóloga do Programa Desenvolver

Manuella Garcia Resende de Deus
Psicóloga do Programa Desenvolver

segunda-feira, 30 de março de 2015

Adultização infantil: O que significa?

No nosso dia-dia comumente encontramos crianças nas quais dizemos: “nossa, ela é muito madura para a idade dela” ou “essa criança se comporta como gente grande”. Nesse texto iremos discutir o conceito de adultização infantil, bem como as conseqüências que esse comportamento pode ocasionar na vida da criança, amigos e familiares.

Segundo o dicionário Priberam, a palavra Adultização significa: “ato ou efeito de adultizar, dar ou tomar caráter adulto”. Ou seja, crianças que se comportam como se fossem pessoas adultas, são vistas como adultizadas.

E como se comporta uma criança adultizada?

Os comportamentos adultizados das crianças geralmente se reconhecem através das vestimentas, em que as mesmas usam roupas e acessórios como os adultos utilizam. Além disso, é comum ocorrer uma erotização precoce dessas crianças, em que vivenciam a sexualidade desde muito cedo. Também se observa a forma como elas estão se comunicando, pois costumam imitar gírias e palavreados que os mais velhos falam. Na maioria das vezes, essas crianças perdem o interesse em atividades ou assuntos infantis e se empenham para se comportarem cada vez mais como os adultos.


Esse fenômeno pode se tornar bastante prejudicial para nossas crianças, pois elas estão perdendo o verdadeiro sabor da infância, onde as principais preocupações são de ir para escola, fazer as atividades escolares, relacionar-se com os amigos e fantasiar nas brincadeiras. Além disso, se torna perigoso, pois apesar dessas crianças se comportarem como adultos, elas ainda não tem maturidade suficiente para tal. Ou seja, pessoas podem se aproveitar delas de diversas formas, tais como, pedir para fazer “fofocas” para se dar bem, solicitar que elas façam algo errado para tirar proveito da situação ou até mesmo abusar sexualmente.



Portanto, é de suma importância que os pais e responsáveis tomem alguns cuidados para evitar esses comportamentos adultizados das crianças, pois, estas vivenciam muitos estímulos na nossa atual sociedade. Dentre os principais cuidados estão:

- Evitar envolver a criança em assuntos adultos. Por exemplo: “Pedir para que ela fale algo para alguém que você não tem coragem.” Esses comportamentos são comuns nos adultos, pois tiram proveito da espontaneidade que a criança possui, para pedir que ela fale algo para alguém e não fique um clima constrangedor entre os adultos.

- Manter atenção no que conversa com os adultos perto das crianças, pois muitos vêem a criança no ambiente e tratam como se ela não entendesse o que está sendo conversado. Muito pelo contrário, na maioria das vezes a criança está bem atenta no assunto. (Atenção: isso não significa que a criança deve ser enganada, mas sim que deve ter a forma certa de conversar certos assuntos com ela).

- As crianças que ficam em casa sem nada para fazer e têm a opção de ficar na internet, podem estar sendo auxiliadas de forma positiva ou negativa. Nas redes sociais, todos nós sabemos que existem pessoas mal intencionadas e que podem trazer diversos males para crianças que estão ali por qualquer motivo. Então, é importante estar sempre atento ao que a criança está fazendo e em qual site está entrando.

- Saber com quem a criança está se envolvendo, pois a adultização ocorre por influência de outras pessoas, tanto por crianças ou adultos.



Manuella Garcia Resende de Deus
Psicóloga do Programa Desenvolver



Marina Magalhães David
 Psicóloga do Programa Desenvolver