É comum pais terem
dificuldade em lidar com a criança que ganhará um irmãozinho em breve. As
dúvidas surgem, pois a criança mais velha está acostumada a ser o centro das
atenções em casa: não precisam dividir os pais, os doces da geladeira, os
brinquedos, os desejos, entre outros. Logo, quando se sentem ameaçados por
alguém que está chegando, inicia-se a mudança de comportamento.
Por exemplo,
certa vez uma paciente procurou o consultório pelo fato de que tinha uma filha
de quatro anos e estava grávida, todas as vezes que pegava na barriga e
conversava com o bebê dizendo: “cadê o bebezinho da mamãe?” a criança chorava
dizendo que o bebê da mamãe era ela. A mãe estava muito insegura de como agir
com a criança e ao mesmo tempo receosa do que poderia acontecer com o bebe que viesse
ao mundo. Entre um atendimento e
outro, algumas crianças tem trazido queixas que passam despercebidas pelos
pais: “Meus pais gostam mais do meu irmão mais novo...”
Por vir de uma criança,
isso é relevante? Vamos descrever o que os filhos mais velhos relatam
sobre o que acontece diariamente. Por exemplo: um filho que antes era único
descobre que vai ganhar um irmãozinho, a tendência dos pais e familiares é de
começar a comprar coisas para a criança que vem chegando. Uma tia que antes ia visitá-lo,
sempre levava um presente. Depois que essa criança ganha um irmãozinho (a) essa
mesma tia vai visitá-lo e chega com um embrulho de presente dizendo: ”trouxe
para o maninho (a)”. Ao se deparar com essa situação, o filho que antes era
único começa a pensar: “antes compravam presentes pra mim”, “meus pais só falam
nesse bebe que vai chegar”. Então, a criança começa reparar coisas que às vezes
não dava muita importância.
A dificuldade dos pais
nesse momento é muito comum, pois precisam ter um jogo de cintura para lidar
com a criança mais velha e ao mesmo tempo dar todo carinho e atenção que o bebê
precisa. Para isso, primeiramente é necessário que os pais compreendam o
sentimento da criança mais velha, que até então tinha os pais somente pra ela,
assim como o espaço de criança da casa. Agora, ela passará a dividir tudo isso:
não é fácil! Realmente é um período muito difícil para essa criança.
Os pais ficam nessa
balança diária em dividir atenção, dividir carinho, entre tantas outras coisas.
É claro que não podemos generalizar, mas se os pais não souberem lidar com essa
situação, o filho mais velho pode fazer de tudo para chamar atenção: alguns vão
dar birras, outros vão ficar tristes em um canto. No momento que a criança
começa com essa mudança de comportamento, os pais geralmente dão broncas ou
palmadas. Assim, provavelmente ela irá interpretar da seguinte forma: “antes
desse bebe nascer eu não apanhava, estou apanhando por causa dele”, “estão
brigando comigo por causa dessa nova criança”.
Então, como lidar com
as crianças mais velhas?
- Quando o bebê nasce à dificuldade dos pais tende a aumentar, pois o recém-nascido precisa de cuidados peculiares e uma atenção muito grande. Esse momento é o que a criança mais se sente de lado, e conseqüentemente o período de mais ciúme. Por isso, é importante que os pais redobrem a atenção com a criança mais velha. Por exemplo: o pai que trabalhou o dia todo e chega do serviço, deve dirigir-se primeiramente a criança, brincar um tempo com ela, dar atenção e somente depois ir falar com a mãe e o bebê.
- Além disso, os pais devem explicar e mostrar pra criança com freqüência que o novo integrante da família veio para acrescentar, por exemplo: quando ela estiver brincando sozinha, dizer “olha, daqui uns dias “fulano” poderá brincar aí com você... pensa quando ela puder fazer “isso” ou “aquilo” com você? Não será ótimo?”. Essas falas irão fazer com que a criança sinta que o irmãozinho irá deixar as brincadeiras e a casa mais divertida.
- Explique para o filho mais velho que ele ganhou um presente, que terá que ajudar os pais a cuidarem desse presente. Faça a criança se sentir importante e útil nesse momento, trate-a como tratava antes do filho mais novo, não aumente o número de broncas, haja da mesma forma que antes. Filhos precisam de atenção, comecem a se policiar se realmente não estão deixando o outro filho de lado.
- É muito importante que os pais não fiquem insistindo para que a criança faça carinho no bebê, por exemplo: “passe a sua mão na cabecinha dele”, ou “abrace seu irmãozinho (a)” tudo isso deve acontecer de forma natural e espontânea da criança.
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Manuella Garcia Resende de Deus Psicóloga (CRP: 09/9498) Atualmente é Psicóloga Clínica do Programa Desenvolver |